28 de jul. de 2012

OS RISCOS DO MAR

     Em uma cidade do litoral fluminense, viviam três meninos: Zé Beto, Zé Mané e Zé Sergio. Eles adoravam o mar que representava distração, prazer e aventura.

     Numa bela manhã de verão, ao encontrar os dois amigos, Zé Sérgio falou:

     — Que tal? Vamos pegar um dos barcos do português Antonio Orlando e dar uma fugidinha até a Ilha da Tartaruga?

      Zé Mané, muito encrenqueiro, respondeu:

     - Pô, cara, tá doido? O mar tá muito brabo, e a gente pode entrar numa baita fria. Bem que tenho vontade ir porque ouvi falar que uns caras juraram terem visto uma sereia por lá.

     Zé Sergio, meio irritado e sempre marrento, falou:

     — Deixa de bobeira. Não vê que isso é historia de pescador? E aí? Vamos ou não vamos? Pode confiar no meu taco, eu sou bom mestre e ótimo de remo. Tô acostumado a encarar esse marzão.

     O espertinho do Zé Beto, em seguida, resolver se manifestar:

     —Pô, gente, vamos! Eu topo, mas antes a gente precisa pegar o material de segurança, colete salva-vidas, sinalizador. Isto porque eu nado muito mal e não me sinto à vontade no mar.

     Zé Mané, ainda muito inseguro, mas, empolgado, ponderou:

     — Vamos trocar uma idéia com seu Antonio Orlando porque ele tem muita experiência no mar.

     Muito irritado, Zé Sergio esbravejou com toda a pinta de marinheiro marrento e apressadinho:

     — Cara, sai dessa! O velho só vai puxar pra trás e criar dificuldades. Esquece esse tal material de segurança porque a gente já perdeu muito tempo. Vamos logo pegar um barco do velho, na encolha e, quando ele perceber, a gente já voltou. Ele tem um montão de barcos.

     Os dois, não querendo passar por frouxos ou medrosos, toparam fazer o passeio.

     Zé Beto falou:

     — Vocês vão pro barco, enquanto eu vou rapidinho em casa, porque tô doido pra ir ao banheiro.

     Zé Sergio, muito invocado, bradou:

     — Cara, faz na areia, no mato, na água e deixa de frescura!

     — Pô, Zé Sergio, se não for em casa, eu não consigo obrar. Fica tudo preso — disse Zé Beto.

     — Então, vai correndo, praga ruim, antes que eu desista, respondeu Zé Sergio.

     Zé Beto saiu correndo tão depressa que chegava a bater com os pés no traseiro. Voltou rapidinho, trazendo um salva-vidas debaixo do braço que tinha ganhado de sua mãe, dona Daguinha, no Natal, deixando claro que sua ida ao banheiro era uma baita desculpa.

     Zé Sergio olhou pra ele, balançou a cabeça e disse:

     — Era só o que faltava!

     Zé Beto se justificou, dizendo:

     — Eu falei pra vocês que eu não sei nadar direito e, assim, eu me garanto mais.

     Os três entraram no barco e partiram remando, remando, contando lorotas, falando das garotas, principalmente da gostosura da professora de português. E o mar continuava com altas ondas e assustador.

     De repente, uma forte onda balançou o barco e a turma se assustou, ao perceber que o fundo estava se enchendo de água. Sem nenhum instrumento nas mãos para tirar a água que entrava, foram ficando nervosos, assustados e o barco inundava cada vez mais.

     Quando o barco estava prestes a afundar, eles já estavam quase chegando à ilha. Os três pularam na água. O Zé Mané nadou em direção a Ilha. O Zé Beto, muito prevenido com o salva-vidas, pulou também. Logo em seguida, o Zé Sergio saltou e se agarrou nas costas do Zé Beto e, como os dois eram magros, conseguiram flutuar por algum tempo, graças ao bendito salva-vidas.

     Zé Beto, de vez em quando, empurrava o Zé Sergio para poder descansar um pouco. Este, como não sabia nadar, se debatia. Zé Beto se aproximava e deixava novamente Zé Sergio se agarrar nas suas costas. Zé Sergio bebeu muita água.

     Felizmente um barco de pesca que passava pela área se aproximou e recolheu os dois. Zé Beto estava bem, mas Zé Sergio estava mal, tinha bebido muita água e ficado durante muito tempo sob forte tensão.

     Tão logo chegaram à praia, Zé Beto foi correndo contar a sua família a aventura que tinha vivido. Já Zé Sergio foi levado direto para o hospital e lá ficou por um bom tempo. Depois que saiu do hospital, ficou ainda meio abobalhado, mas deixou de ser encrenqueiro e nunca mais voltou a fazer aventuras perigosas.

     Quanto ao Zé Mané, apesar de muito procurado, não foi localizado e ninguém teve mais notícia dele. Tempos depois, alguns marinheiros passaram a contar que, ultimamente, a sereia tem sido vista em companhia de um jovem.

     O velho português ficou muito bravo por ter perdido o barco e resolveu procurar as famílias dos rapazes para cobrar uma indenização pelo prejuízo. O pai de Zé Beto prontamente ressarciu o português.



Moral da História: quem previne se dá bem; quem tem habilidades pode se safar; quem garganteia, acaba se dando muito mal e, finalmente, português nunca fica no prejuízo.


Antonio Orlando, Henrique Capillé e Túlio Mansur

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