Um abastado padeiro, um dia, chegou à sua panificação e encontrou tudo estragado. Logo começou a esbravejar:
-Quem foi o desgraçado que me deixou nesta situação? Será que foi aquele pivete ateu que trabalha aqui?
Como ninguém se atreveu a falar sobre o acontecido, o pobre do padeiro viu-se na situação de ativar sua padaria, pois já havia uma grande fila de clientes, esperando o famoso “pão quentinho”, para comprar e levar para suas casas.
Ora, todos os seus clientes eram compreensivos, mas nem tanto a ponto de aceitar, pacificamente, não terem pão fresquinho para comprar. Considerando que isto nunca ocorrera antes (o que aumentava sua raiva e favorecia seu praguejar), não havia como não ficar desconfiado de seus auxiliares e reagir de forma violenta: socou o balcão, gritou e ameaçou, mas nada resolveu.
Desesperado, concluiu que o fato poderia ter sido provocado pelo malfadado menino: “Deve ser culpa daquele menino pagão! Como ele não acredita em Deus, não poderá ser solidário e pensar nos outros. Decerto, daí surge a causa desta situação!”
O tal “menino pagão”, que de pagão não tinha nada, ficou tão constrangido que assumiu imediatamente a sua culpa, com intenção de que, desta forma, não só Deus como clientes, empregados, além, obviamente, do seu patrão o perdoassem.
Mas, como sempre acontece, um cliente mais compreensivo, religioso e calmo, assumiu a mediação do conflito. Este era um notável juiz, envolvido em falcatruas de venda de sentenças nunca comprovadas, mas decerto sabidas. Apela para sua religiosidade e sugere uma oração em grupo, invocando as forças divinas e clementes que, decerto, compreenderiam esta frustrante situação.
Após o fim da oração, surge uma nova impressão para todos: “Os pães apareceram”, gritam espantados os presentes.
Tudo como por encanto: os pães estavam muito mais fresquinhos. E talvez pela força dessa oração, muito mais saborosos (como nunca foram).
José Roberto, Sérgio Silva e Luiz Manuel
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