22 de dez. de 2009

Memórias inventadas

Tudo o que eu conto
Tudo o que eu penso
Tudo o que eu sinto
Tudo o que eu acredito
na vida real é:
Tudo o que eu invento
Tudo que eu queria que fosse.

De tudo o que eu me lembro
Nada aconteceu.
Morro hoje sem lembranças reais
Vivo repleta de ficção!
Ou melhor:
De tudo o que eu gosto de lembrar
Nada aconteceu;
Do pouco que eu lembro e aconteceu
Não gosto de lembrar.
Morro de lembranças reais
Vivo de memórias inventadas
Vivo sem realidades
Vivo de ficções.
Eu sou uma ficção!

Eu me inventei criança festeira, moleque, bailarina...
Eu me inventei moça vanguarda, independente, destemida...
Eu me inventei mulher sensual, ardente, vitoriosa...
Fui me inventando até agora.
Gosto do que inventei mas não tenho documentos.
Não gosto do que registrada fui, sou, faço e aconteço...
Não aconteço e nem sei quem de verdade fui nem sou.

E o que serei? Farei? Sentirei? Contarei? Pensarei?
Preciso que o “invento” continue;
Por isso dou vida à Julia, Vitória, Lia e à Olívia;
Assim, por algum tempo, tenho minha vida garantida:
aquela que eu quero, sinto, penso e acredito;
A verdadeiramente inventada.


Luiza Lagôas

Nenhum comentário:

Postar um comentário