A árvore Cambará faz parte de uma formaçao típica do pantanal. Mamãe estava dormindo no varandão. Roncava.No seu colo, o velho livro de memórias do pantanal caiu.
Então, os barcos - de uma das fotos - ancorados na baía de Corumbá despertam e se movem, os pescadores começam a lançar as redes, os ambulantes anunciam suas mercadorias, meninos nus brincam na água, cães magros matam sua sede na praia do rio e o balanço das folhagens torna-se visível. As folhas da imensa Cambará apontam para cima. A luz - ao deslizar por sua folhagem - projeta um manto verde sobre o leito do rio.
Uma vendedora de cestos canta esta canção:
"Banho de chuva,
sol morno sobre os pelos,
me faz inchar de suave paixão
verde-água, verde-bandeira, verde-limão
Criar com as mãos
é voar dentro de si,
é repartir os segredos
torna o meu canto doce ou ardente,
me faz sentir como uma rosa-louca."
Balanço de rede,
corpos na água,
pipas no céu,
passarinhos no chão.
Mamãe dormia na varanda
ou não estava dormindo?
O céu se encaixava com perfeição na superfície plácida do rio.
A mãe acorda e puxa o livro para si, os personagens da cena fotográfica congelam muito rápido e o encanto da paisagem morre: os cães vadios - já saciaram a sede e a fome - dormem, os vendedores já conseguiram anunciar e quem sabe vender, os meninos descansam sentados nas popas das embarcações,os pescadores já tem as redes cheias de peixes e seus barcos soturnos estão inertes sobre a água.
Mamãe abandona a rede e vai tecer a sua mágica nas panelas da cozinha.
Duda Cambará
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