Que o passado permaneça no registro dos ventos. Não quero diários nem cartas ou lembranças, nenhuma memória. Quero o passado voando para longe de mim. Para isso, eu conto com o vento; sempre contei.
Foi desde sempre, do início, quando jamais me atingiu a tal corrente de ar, lufada assassina de minha infância, temida pelos adultos que alardeavam seu mal. Brinquei nas brincadeiras do vento, sofri nas calmarias das gentes. Sobrevivi às correntes.
Com os ventos a meu favor, adolesci em veleiros empurrados por seus sopros fortes, garantindo-me vitórias e inaugurando-me em amores.
Bons ventos conduziam-me vida afora, oscilando entre humores de brisa e outros de vendaval. Não temi seu sábio sopro que, lento ou rápido, forte ou fraco, quente ou frio, me lançava para frente, ancorando-me em presentes valiosos, com tempo certo de gozar ou de sofrer, a caminho do futuro.
Os ventos registram os fatos, anotam as emoções, observando de longe o real do acontecido e do sentido que a lembrança fantasia e atrasa o rumo em frente. Tudo o que havia até ontem vai ficando para trás, para muito antes de ontem, mês passado no registro frio dos ventos, para que o saibamos sem volta e que nem era tão bom aquilo por que a gente geme mais com medo de ir em frente do que por própria saudade -: “Ai, como foi bom!”.
Agradeço, sem medo humano de castigos, à corrente de ar que pegou minha memória despida e matou minha saudade.
Quero o novo, o amanhã, o futuro bem plantado no presente arejado, respirável, protegido e registrado pelos ventos de boa-sorte. Deles me faço parceira.
Que o passado e as saudades - calmarias permaneçam sempre no registro dos sábios ventos.
Foi desde sempre, do início, quando jamais me atingiu a tal corrente de ar, lufada assassina de minha infância, temida pelos adultos que alardeavam seu mal. Brinquei nas brincadeiras do vento, sofri nas calmarias das gentes. Sobrevivi às correntes.
Com os ventos a meu favor, adolesci em veleiros empurrados por seus sopros fortes, garantindo-me vitórias e inaugurando-me em amores.
Bons ventos conduziam-me vida afora, oscilando entre humores de brisa e outros de vendaval. Não temi seu sábio sopro que, lento ou rápido, forte ou fraco, quente ou frio, me lançava para frente, ancorando-me em presentes valiosos, com tempo certo de gozar ou de sofrer, a caminho do futuro.
Os ventos registram os fatos, anotam as emoções, observando de longe o real do acontecido e do sentido que a lembrança fantasia e atrasa o rumo em frente. Tudo o que havia até ontem vai ficando para trás, para muito antes de ontem, mês passado no registro frio dos ventos, para que o saibamos sem volta e que nem era tão bom aquilo por que a gente geme mais com medo de ir em frente do que por própria saudade -: “Ai, como foi bom!”.
Agradeço, sem medo humano de castigos, à corrente de ar que pegou minha memória despida e matou minha saudade.
Quero o novo, o amanhã, o futuro bem plantado no presente arejado, respirável, protegido e registrado pelos ventos de boa-sorte. Deles me faço parceira.
Que o passado e as saudades - calmarias permaneçam sempre no registro dos sábios ventos.
Luiza Lagôas
Luiza, você escreve lindamente.
ResponderExcluirMas quem é você?
Entre tantas Luizas artesãs, queria saber quem é esta de falas tão bem tecidas.