28 de set. de 2009

Mente ociosa é oficina do diabo

Se o diabo trabalha
na ociosidade da mente,
Preciso ir, urgente
à casa do nada.

Lugar distante, escondido da gente,
No último trem, na última parada.
De onde sair requer força dobrada,
Que o corpo ao chegar já não admite.

Qual roupa quarando ao sol a esperar que não a recolham;
Qual massa de pão fermentando a idéia de ser esquecida;
Qual o cansaço mergulhado em banheira quente;
Qual preguiça relaxando na fresca da varanda;

E de lá ver aquele mar tão vasto
Ou outra qualquer paisagem/miragem
Como passageiro a ver da janela
os detalhes tolos de sua viagem:

Matizes de aves, limo do muro,
orvalho na teia, a blusa do avesso
zumbido de bicho, fruta no pé,
cascalho de asfalto, água que espirra,
grão de pólen, redonda colher,
o menino que passa, o seu assobio
o lagarto espraiado, lagarto vadio.

Esse lagarto vadio mora no nada
Onde o diabo fez sua morada
E fermenta as idéias na mente parada
Que andam em mim já tão apagadas
Lenca Marques

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