19 de abr. de 2011

A casa

Tem nego pensando que a casa da Márcia
é farra, é fofoca.
Não sabem do segredo,
não sabem do receio
de falar sem freio pra todo o mundo,
do encontro, estranho, estreito,
ausente no clube, na escola,
no trabalho, no contrato social
onde se garante o capital.
Ausente lá, presente aqui
no canto nobre onde o coração
quilha em mar aberto,
aponta direção nenhuma.

Na casa de Márcia
o mar sem beiras,
sem areias, mareia
o são, certinho, arrumadinho
e embala nas ondas etílicas
os loucos,
amantes do tempo sem ilusão,
amantes do tempo juntos, sem razão.



Olívia Feder

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