6 de dez. de 2009

Retrato familiar

Para Lenca com carinho

Todos os dias continuavam a reunir-se no pátio

partiam o pão e juntos participavam das refeições

com alegria e sinceridade de coração (Filemom 1.1-3)



Deixe a cidade menina, linda e pequena
volte para os quatro cantos dessa terra cigana
Na cidade não se escuta o silêncio dos mapas imaginários
que a barraca pousada no fundo do quintal sempre recria

Deixe a cidade, menina
e volte a deitar-se na espreguiçadeira do pai.
Durma com o livro aberto na página
Que narra uma das aventuras de Narizinho


Durma na espreguiçadeira sob a mangueira
cujos frutos pendem sobre a cabeça dourada
da criança, da jovem e da mulher.

Sonhe com a nave intergaláctica pousada na grama

As crianças navegam em rios caudalosos
ou pacíficos

No rio Nilo, no Amazonas, no Colorado.
As crianças escalam montanhas,
Reconhecem as marcas do caminho
Nunca pisaram no Egito ou no Everest
Mas desbravam essas paisagens
Quando o pai arma o acampamento


A memória da minha musa é povoada por quilômetros de risos,
alaridos, afagos, beijos, faces e vozes familiares da mãe, do pai, do irmão,
e do céu azul
realçando o amarelo cáqui da barraca .


Duda Cambará

Um comentário:

  1. Obrigada, Edwiges, por traduzir minha infância de andarilha com palavras, que de tão bem escolhidas, transformaram-se em luz e carinho. Adorei o presente!!!

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