“A alma humana é um abismo”, diz o poeta Pessoa. Eu não sou poeta nem pessoa de opinião segura sobre tal afirmação.
O abismo está lá, concreto: buraco fundo sem chão à vista, mas real na sua forma, no seu cheiro e sob os pés de quem dele se aproxima. E a alma humana? Onde está? Abstrata, gramaticalmente conceituada, ninguém vê, nem segura ou conhece-lhe a forma, o cheiro, o gosto e o que mais. Senti-la é privilégio dos que, na verdade, não sabem bem o que sentem: acreditam religiosamente. Será que se aproximam- alma e abismo- por estarem no dicionário na categoria de “insondáveis”? Não, não procede em afirmação tão categórica do poeta. Nem uma, nem outro justificam tal adjetivação.
Deixo o poeta e falo pelo louco – o visionário, o sonhador, o patológico, o fantasioso, o desbravador, o artista. Destemidos dos limites, desafiantes do desconhecido, do preconceito, da acomodação, não medem conseqüências, sempre dispostos a desvendar os horizontes de almas e de abismos. Este louco fala à alma humana e transforma seus portadores, em qualquer forma esteja o seu discurso. Este louco atira-se aos abismos pelo desejo de saber quão profundos são. São estes loucos, desacreditados por conceito ou comodidade, os que brincam com o insondável e desmascaram-lhe o trote; os que, não só chegam à alma humana, mas a reconhece nas coisas: “a alma das coisas”, o que faz com que algo inanimado se torne especial ao humano, causando-lhe a impressão de que sente frio, fome, solidão, cansaço. E o caso de uma imagem de santo, uma estátua de praça, um brinquedo de estimação, uma tampinha de refrigerante boiando na água da chuva.
Só com a coragem do louco se faz possível o mergulho às profundezas da alma ou do abismo. O impulso, a corrida, o salto, aquele momento sem respirar antes de romper o previsível: divina loucura!
O louco não resiste; transgride o perigo, o medo, as impossibilidades; descobre o fundo da alma, o fundo do abismo e faz com eles abençoadas alianças, que o salvam, o elevam, o sublimam.
A alma humana é um abismo? Não; na sabedoria e na grandeza do louco, certamente não. Bem-aventurados os queridos loucos: do real e da ficção!
Merda! Como o poeta, sou lúcida.
O abismo está lá, concreto: buraco fundo sem chão à vista, mas real na sua forma, no seu cheiro e sob os pés de quem dele se aproxima. E a alma humana? Onde está? Abstrata, gramaticalmente conceituada, ninguém vê, nem segura ou conhece-lhe a forma, o cheiro, o gosto e o que mais. Senti-la é privilégio dos que, na verdade, não sabem bem o que sentem: acreditam religiosamente. Será que se aproximam- alma e abismo- por estarem no dicionário na categoria de “insondáveis”? Não, não procede em afirmação tão categórica do poeta. Nem uma, nem outro justificam tal adjetivação.
Deixo o poeta e falo pelo louco – o visionário, o sonhador, o patológico, o fantasioso, o desbravador, o artista. Destemidos dos limites, desafiantes do desconhecido, do preconceito, da acomodação, não medem conseqüências, sempre dispostos a desvendar os horizontes de almas e de abismos. Este louco fala à alma humana e transforma seus portadores, em qualquer forma esteja o seu discurso. Este louco atira-se aos abismos pelo desejo de saber quão profundos são. São estes loucos, desacreditados por conceito ou comodidade, os que brincam com o insondável e desmascaram-lhe o trote; os que, não só chegam à alma humana, mas a reconhece nas coisas: “a alma das coisas”, o que faz com que algo inanimado se torne especial ao humano, causando-lhe a impressão de que sente frio, fome, solidão, cansaço. E o caso de uma imagem de santo, uma estátua de praça, um brinquedo de estimação, uma tampinha de refrigerante boiando na água da chuva.
Só com a coragem do louco se faz possível o mergulho às profundezas da alma ou do abismo. O impulso, a corrida, o salto, aquele momento sem respirar antes de romper o previsível: divina loucura!
O louco não resiste; transgride o perigo, o medo, as impossibilidades; descobre o fundo da alma, o fundo do abismo e faz com eles abençoadas alianças, que o salvam, o elevam, o sublimam.
A alma humana é um abismo? Não; na sabedoria e na grandeza do louco, certamente não. Bem-aventurados os queridos loucos: do real e da ficção!
Merda! Como o poeta, sou lúcida.
Luiza Lagôas
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