9 de out. de 2009

SAUDANDO RIMBAUD

Em noites do inferno, andante que arde,
Rodopio em muitas pernas, estranha sensação,
No cabaré verde, às cinco horas da tarde,
Desce a aurora, pano preto, escuridão

Fujo dos homens, no baile dos enforcados.
Bebo delírios, alquimia do verbo ser.
Sou encontrado adormecido no vale dos derrotados,
Entre operários, que esperam a hora de comer.

Entôo, então, canção da torre mais alta,
Pontuo frases findadas em vogais.
Vejo a manhã, em estrelas da ribalta,
Mas é tal corvo, de negror em outro cais

Se fossem flores, cheirariam qual torpor.
Leve ao delírio todos os iniciados,
Que a oração da tarde vem propor:
Adeus às rimas, aos versos toscos e exilados.

Temo em saber que a estrela chorou rosa,
Minha boêmia não altera a tenra idade,
Sinto a angústia que estremece, mas não dosa,
Todo percurso rumo certo à eternidade.

Zezé Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário